“Mentir, o enunciar de coisas belas e falsas, é o verdadeiro fim da Arte”
Oscar Wilde, Intenções

Pretexto

Começamos a digressão em torno da noção de Personagem Intermédia por um breve pretexto, a própria noção de personagem, no sentido que João Brites atribui a um pretexto, “uma ideia que conduz à acção”.

A ideia da personagem como ser vivente modificou-se no teatro na viragem para o sec. XX. Se, até aí, o paradigma literário caracterizava a primazia da criação teatral, agitava-se então a passagem para um paradigma espectacular, que caracteriza ainda o teatro no recurso aos seus próprios meios e linguagens. Este questionamento do estatuto da personagem conduziu a estratégias diversas de representação dos modos de ser humano, da apresentação de personas e, sobretudo, das condições de ser outro, premissa fundamental da invenção e presença de personagens.