Atores: Adriana Zattar e Roberto Birindelli. Fotos: Lina Sumizono.

Em cartaz no SESC Tijuca até o dia 1 de maio, A história do homem que ouve Mozart e da moça do lado que escuta o homem é uma peça que, ao escolher uma estética da crueldade, compartilha o desequilíbrio. Quando o diretor Luiz Antônio Rocha decide pôr em jogo as fragilidades privadas de forma crua, ele apazigua as inquietantes tentativas de homogeneização da normalidade como padrão de referência, tanto estética como eticamente. O que ele oferece é uma pequena revolução íntima, ao estilo da proposta de Antonin Artaud com seu Teatro da Crueldade. É preciso estabelecer desde já que o que parece aos olhos apolíneos uma tipificação pejorativa será para essa dramaturgia algo essencial e o estopim de uma conflagração subjetiva. Termos como crueldade, crueza e, mais à frente, desequilíbrio e deformação são o prenúncio de que algo novo será reconstruído sobre as carcaças dos personagens. A dinâmica positiva do Teatro da Crueldade é analisada no artigo publicado na edição de março de 2010, nesta revista – A noção de corpo sem órgãos em Artaud e no Teatro da Crueldade.