Rabih Mroué é diretor da peça Yesterday’s Man, que faz parte da programação de inauguração do Teatro Tom Jobim.

PEDRO MANUEL – O título who’s afraid of representation? pretende estabelecer uma relação com as restrições à produção de imagens pela religião islâmica, como no caso da representação de Maomé?

RABIH MROUÉ – Eu não faço essa relação de forma directa. Faço antes uma relação com o momento presente, há um problema sobre como fazer teatro, como pode um actor representar uma personagem como Hamlet?

PEDRO MANUEL – E porque é um problema?

RABIH MROUÉ – Já não consigo acreditar. E, ao mesmo tempo, é também porque estou a lidar com assuntos políticos e religiosos da minha região. Quando sou bombardeado com milhares de imagens por dia pelos media, pergunto-me: estou nesta parte do mundo, posso produzir mais imagens? é-me permitido produzir imagens? Parece-me que há uma espécie de impossibilidade, até porque estamos numa região onde já temos a nossa imagem feita, nós não estamos a produzir as nossas imagens, elas são produzidas por outros.