Foto: divulgação

Nos primeiros minutos do espetáculo Só cheira borracha, da Companhia de Teatro Kudumba, de Moçambique, em cartaz nessa 3ª edição do Festlip 2010, ouve-se uma voz feminina narrando em off, antes do desenrolar da ação, que, em sua terra natal, é habito dos moradores pedir licença para entrar em determinada tribo e outros espaços privados. Ao dar início à reflexão desta montagem, que fez duas apresentações no Teatro Nelson Rodrigues, inauguramos com esse texto uma escrita em diálogo, perseguindo a possibilidade de lidar com diferentes modos de recepção de uma obra teatral. Uma das mais provocativas questões para a crítica é a de conversar com a recepção do público, percebida durante a apresentação do espetáculo. Os estudos sobre estética da recepção se encontram mais desenvolvidos no gênero literário e, se podemos compreender contemporaneamente a recepção de uma platéia com a noção de leitura, é possível realizarmos associações com a teoria. Portanto, trata-se aqui de uma experiência de formalização da investigação do entrecruzamento de diferentes perspectivas.