Rogério Garcia e Leonardo Chaves. Foto: Sergio Santoian.

Solano e Rios são dois atores que perambulavam pelas estradas empoeiradas de uma Espanha medieval, herdeiros de uma tradição cômica dotada de cinismo, ironia e alegria e que, muito provavelmente, faziam a festa da multidão em eventos não oficiais, tanto nas praças quanto nas feiras públicas do longínquo século XVII. Mikhail Bakhtin já havia identificado o caráter anárquico e carnavalesco desse pano de fundo social-popular na obra literária de François Rabelais. E é no interior desse contexto histórico que os dois pândegos famintos se desviam de suas rotas, fugindo de cobradores que resolvem acertar suas contas, e acabam caindo de pára-quedas na, não menos anárquica, festiva, idosa e erótica Copacabana, Espaço SESC, no Rio de Janeiro do século XXI. Deixam para trás sua terra natal e caminham longe, cruzando as fronteiras mais vastas de estilos, estéticas e influências artísticas.