Guy de Maupassant, monólogo em cartaz no pequeno espaço do Teatro Solar de Botafogo, traduz para a linguagem cênica quatro histórias curtas do autor francês que viveu e influenciou a sociedade parisiense com uma intensa criação literária na segunda metade do século XIX. A atriz Joana Ferry divide-se entre as funções de narradora e personagem, apresentando para a plateia os contos No campo, Senhorita Perle, A morta e O horla.

Com o pretexto de homenagear o aniversário de 160 anos de nascimento do escritor, comemorados neste mês de agosto, me parece crer que a encenação de Evandro Meirelles Santos foi estruturada a partir do eixo combinatório que privilegiou a produção do autor francês em sequência cronológica por ano de publicação e conteúdo temático, elegendo para as duas primeiras narrativas apresentadas, escrituras com características predominantemente realistas tanto nas descrições de tipos quanto nas situações identificáveis vividas pelos mesmos, e nas duas últimas, opta por selecionar passagens onde o autor instaura o rompimento lógico e causal das coisas vivenciadas pelos protagonistas, evocando atmosferas que lembram relatos de pesadelo e loucura.