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A impossibilidade da representação do trauma
Ao redor de uma mesa de reunião, três mulheres jovens debatem o destino de um terreno. A cena armada com tal simplicidade pelo dramaturgo e diretor chileno Guillermo Calderón vem de encontro à noção da impossibilidade da representação do trauma que sustenta o espetáculo Villa, apresentado no 11º Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte. O terreno em debate é o vestígio de um antigo centro de tortura e extermínio mantido pelo governo chileno do general Pinochet. A Villa Grimaldi foi cenário de atentados contra a vida e de todo tipo de outras atrocidades, até mesmo o estupro de mulheres por cachorros, antes de ser derrubada pelos militares. A questão posta em discussão pelas personagens é como tratar esse passado atroz sem desrespeitá-lo ou diluí-lo. Como falar que mulheres eram estupradas por cachorros sem criar não mais que uma frase de efeito sensacionalista?
Radar encontra Radar
Estar em Nova York pela primeira vez e não querer fazer turismo. Tarefa duríssima tendo em vista a vasta quantidade de atrativos que esta cidade possui. E a coisa se complica ainda mais se você chega no dia 31 de dezembro, os que lá vivem estão em recesso por causa das festas, as ruas estão entupidas de turistas, o comércio só pensa em faturar e, claro, os teatros estão de portas fechadas. Como? Eu disse “os teatros estão de portas fechadas?” Que teatros? Os da Broadway estão a pleno vapor, lotados como sempre, com um cardápio que inclui desde o fatigado Fantasma da Ópera até vibrantes novidades como Fela! Mas, como eu disse, não fui a Nova York fazer turismo.
Qual seria, então, o teatro de meu interesse por essas bandas? Off Broadway? Off Off Broadway? E onde encontrar? Comecei minha pesquisa dia 3, o primeiro dia útil do ano. Minha única referência era o La Mama Experimental Theatre Club. Eu já tinha ouvido falar deste espaço no Brasil, principalmente por coisas escritas pelo Gerald Thomas, que sempre se disse cria da casa. Joguei no Google e rapidamente descobri que ficava no East Village e que já no dia cinco teria espetáculo. Vi a peça que estava passando, Being Harold Pinter, mas não prestei muita atenção no que se tratava, porque, independentemente do que fosse, eu iria lá conferir.