LUCIANA ROMAGNOLLI: Qual a situação geral da formação de ator no Brasil hoje, numa perspectiva panorâmica?

FERNANDO MENCARELLI: A estrutura da formação de ator, de um ponto de vista panorâmico, passou muito pela formação direta, na prática, que foi tradicional no Brasil por décadas. Primeiro o ingresso no amadorismo e a profissionalização depois. Isso continua a existir, mas já não é predominante. Outra forma de formação está vinculada aos grupos de teatro. A partir dos anos 1970 e nos anos 1980, época de estruturação dos grupos, eles tiveram a preocupação de atuar na formação de atores por um princípio de lógica interna do teatro de grupo, mas também pela necessidade de contribuir com ações para profissionalizar os seus membros. E muitos grupos expandem sua atuação para além desses membros. Outro meio ainda é a formação nas escolas ou centros. Esse é um histórico longo que remete a mais de um século. Foi um projeto do fim do século XIX expandido no século XX. Tanto os centros de formação independentes, quanto aqueles no âmbito de um sistema mais formal de ensino técnico ou universitário (que ainda vem se desenvolvendo). Vivemos um momento especial. Os últimos vinte anos foram multiplicadores de cursos.