Ator: Daniel Boone. Foto: Yuri Salvador.

O título do espetáculo já nos coloca algumas questões. Primeiro, desafia o suposto antagonismo entre o grande e o ínfimo e, depois, o circo como uma palavra-chave ou cartografia do ser que transita a circularidade como percurso da angústia. O circo é a ciranda, o mundo rodando, passando por nós, andando em círculo. O percurso do ir sem ter para onde ir, um estar estando. Mas não se trata de uma angústia psicológica e, tampouco, do ressentimento. Diz respeito a um estágio de consciência onde o niilismo se dá como possibilidade da busca. A busca do que não pode ser encontrado, mas como negação do imobilismo. É dizer que, aqui, o niilismo não pode ser confundido com a apatia, mas como aquilo que é afeto, considerando que só atribuímos qualquer juízo de valor a aquilo que nos afeta, seja amor ou ódio. Não há espaço para a indiferença. Cinco personagens, cinco pontas da estrela, cinco artistas, o estrelato, mesmo que em decadência. Mas o movimento da decadência e da ascensão são pontos diferentes do mesmo.