Foto: divulgação.

Monólogo estruturado a partir da permanência em cena de uma atriz (sentada, valendo-se de econômica movimentação) durante uma hora de duração, Viver sem tempos mortos evidencia uma assinatura através de aparente invisibilidade. Felipe Hirsch, distante do registro de muitos dos trabalhos realizados na Sutil Cia. de Teatro – nos quais materializa a investigação da memória em texturas diversas das cenografias e na construção de uma atmosfera auxiliada por refinados recursos de iluminação –, aposta, dessa vez, no vigor interpretativo de Fernanda Montenegro. Uma opção que não determina a anulação de uma visão diretorial. A “presença” de Hirsch pode ser detectada na importância destinada à palavra, nas sutis gradações de luz (iluminação a cargo de Beto Bruel) que recortam o rosto da atriz no decorrer da apresentação, na neutralidade do figurino e na quase ausência de elementos cenográficos (direção de arte de Daniela Thomas). Elementos que se somam na afirmação da plataforma de um teatro calcado na síntese, na contramão do espetacular.