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Considerável risco e alguma obediência
Capivara na luz trava trafega entre o teatro e a dança, ainda que muitos considerem reducionista estabelecer definições para cada manifestação artística. Sem se valer da palavra, o Massa Grupo de Teatro amplia o conceito de dramaturgia para além do plano verbal, apesar da inspiração para o trabalho remeter a um conto, intitulado Desengano, de Diego de Angeli. De certo modo, o texto permanece como pelo menos uma das bases de criação. A abordagem de determinadas questões, porém, não se constitui por meio da construção de um enredo ou de uma narrativa linear a ser facilmente decodificada pelo público.
Estrutura cênica estrangeira
O espetáculo Passagens, dirigido por Diego de Angeli e encenado pela Pangéia Cia. de Teatro, parece ser constituído por uma idéia própria da experiência de arte que é a de promover condições de conhecer o mundo pelo que chega a aparecer dele para nós. É claro que isto dito assim poderia ser considerado como algo bastante abstrato e que concerne a toda e qualquer iniciativa artística. Porém, o que acontece aqui, além do fato de que a visualidade é componente forte no espetáculo, é que as possibilidades de aparecer algo referente ao mundo estão explicitamente comprometidas pelas circunstâncias deste aparecimento que, por se oferecerem mais gravemente por meio de estruturas cênicas alheias, acabam por não dar conta do mundo que querem revelar.
Sobre fundo verde
Em cartaz no Teatro do Jóquei, a peça Passagens, dirigida por Diego de Angelis, traz à cena o primeiro trabalho da Pangéia Cia. de Teatro, que durante um ano e meio realizou uma pesquisa inspirada em procedimentos cinematográficos. Sete atores se revezam na apresentação de diversos personagens. A dramaturgia do espetáculo não conta com uma fábula, mas com pequenos momentos, recortes de situações vividas por personagens cujas características são apenas sugeridas. O espetáculo é formado por quadros, de duração variada, que se dão a ver sobre um fundo verde – referência a uma técnica utilizada no cinema: os atores fazem as cenas sobre um fundo infinito, para que se acrescentem os efeitos especiais num segundo momento.