Atrizes: Raquel Anastácia e Lúcia Romano. Foto: divulgação.

Uma das características da arte contemporânea é a proposição de um certo embaçamento das fronteiras presentes no estatuto tradicional da experiência de arte, a separação entre a obra e seu comentário. Em outras palavras, este embaçamento significa que o que nos é dado a ver, por um lado faz a afirmação do que vemos, e por outro lado, comenta o que estamos vendo. A sensação do fruidor no meu entendimento é a de uma atividade que transita entre a ilusão, a crença na representação e o seu questionamento. Na linguagem teatral este fenômeno se traduz no teatro narrativo, uma estrutura ficcionalizante que atua no espectador criando espaços internos de atenção para novos sentidos entre o real e o ficcional. Creio que o espetáculo VemVai – o caminho dos mortos é elaborado sob este regime duplo que compõe a dramaturgia, o espaço, a cena e a construção atorial. A questão que se coloca para esta análise tentará se deparar com esta relação.