Foto do espetáculo Ô Lili: Divulgação.

DINAH CESARE: O trabalho da Cia Marginal se diferencia de algumas outras experiências de teatro em projetos sociais. Qual seria o elemento diferenciador neste caso?

ISABEL PENONI: Eu acho que tem uma coisa que é definidora no caso da Cia Marginal desde o início, ainda quando a gente trabalhava dentro de uma estrutura de financiamento social, nós já tínhamos a pretensão da realizar um trabalho de criação. Eu digo nós, por que éramos eu e a Joana Levi. Um projeto de criação, de experimentação, de pesquisa, de criar em um contexto diferente daquele que a gente vinha criando. Eu trabalhava como atriz, então experimentar era levar à frente um trabalho de criação dentro de um contexto bastante diferente do nosso. Já existia esta pretensão desde o inicio, mesmo dentro dos projetos sociais e mesmo tendo uma perspectiva um pouco mais pedagógica. Porque nós estávamos dentro do universo da arte educação, mas naquele espaço importava a ideia de criação. O trabalho chegou num ponto em que ele não aprofundava mais porque existia uma estrutura de oficina, de entra e sai de gente. Porém, existia um grupo que era constante e uma qualidade de trabalho com aquele grupo. Mas ele não avançava porque tinha sempre gente entrando e saindo e a “coisa” tinha sempre que começar do zero com novas pessoas. Então a partir de um momento nós resolvemos fechar o grupo. Na verdade eu acho que a transição foi de estrutura, de formato e não do que se fazia ali dentro. Superamos um formato de oficina, de projeto social para grupo de teatro. Essa é a mudança maior, definidora e divisora de águas ali.