Texto apresentado para a 9ª Jornada de Iniciação Científica da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 16/06/2010.

I. Introdução

Esta comunicação se destina, como tarefa primordial, a investigar a produção estética instauradora de novas possibilidades de criação ficcional, no espaço do palco, a partir da experimentação e manipulação de textos originalmente escritos para publicação em livro. Em particular, pretendo me debruçar, de maneira detalhada, na análise da produção cênica e dramatúrgica de montagens oferecidas ao público carioca, no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil, pela Companhia Aberta. O grupo tinha a liderança da encenadora Bia Lessa, que em curto espaço de cinco anos (tempo que durou a companhia) apresentou versões singulares de quatro espetáculos baseados em obras da literatura universal. São estes: Orlando, romance da escritora inglesa Virgínia Woolf, Cartas portuguesas, baseado em cartas escritas pela freira portuguesa Mariana Alcoforado no século XVII, Viagem ao centro da Terra, romance de espírito cientificista de Julio Verne e, finalmente, O homem sem qualidades, obra inacabada do austríaco Robert Musil. Para tanto, a metodologia aplicada elegeu, como fonte essencial de busca e apreensão de dados sobre as encenações, os discursos de materiais jornalísticos publicados em suplementos culturais à época da encenação, coletados no arquivo histórico do próprio CCBB.