Foi Chico Buarque e Edu Lobo quem escreveram “A Ciranda da Bailarina”. Aquela canção onde se lê que todo mundo tem ou teve: remela; sujo atrás da orelha; piolho; cheiro de creolina; casca de ferida e uma série de outras coisas. Todo mundo. Exceto a bailarina, enfatiza cada final de estrofe. A letra sintetiza algo que está latente no senso comum. De que a bailarina é esse ser diáfano, angelical, quase arquétipo da leveza, do frágil e de certa visão (parcial, como todo ponto de vista o é) do que seja o feminino.

Acerta em cheio Alessandra Colasanti, que dirige, escreve e atua em Anticlássico – desconferência e o enigma vazio ao causar o deslocamento, não o único do espetáculo, desse arquétipo, pintando-o de vermelho e vestindo-o de outros sentidos. A peça foi a atração de encerramento do Festival de Artes da cidade de Areia, na Paraíba.