Como pensar a crítica cinematográfica hoje, em meio a uma redução crescente de jornais e revistas especializadas da mídia impressa e a uma proliferação digital sem precedentes de sites, blogs, revistas e grupos especializados em cinema e audiovisual nas redes sociais? É possível um pensamento crítico sobre obras contemporâneas que tenha alguma possibilidade de ser notado e influir em um público cada vez mais disperso? Vivemos um “individualismo popular de massa” constituído por uma multidão de seres solitários diante de seus monitores. Como pensar o cinema em meio a essa “cultura das telas”(1) e não mais uma cultura da imagem?

Quero aqui fazer algumas observações a respeito do estado da crítica de cinema em um momento em que essa arte industrial perdeu definitivamente o lugar privilegiado que possuía entre as narrativas audiovisuais, disputando espaço com programas variados da televisão aberta e de canais a cabo, assim como com todas as opções de entretenimento que a internet oferece – sem falar na concorrência do cinema projetado em salas com os filmes baixados na internet, que não passam por critérios críticos que ainda podem marcar, residualmente, a fruição de um filme em uma sala de cinema.