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Através de um personagem como o atormentado Alan Strung, o dramaturgo Peter Shaffer destaca, em Equus, a dificuldade de ser ou se sentir visto. Vítima de uma educação repressora, Alan, jovem de 20 anos, tem fascínio e horror pelos olhos dos cavalos porque se reconhece neles. É o que argumenta no instante em que o psiquiatra Martin Dysart pergunta sobre o motivo que o levou a cometer a atrocidade de cegar seis animais com um estilete de metal. Depois de iniciar tratamento com o Dysart, Alan passa a entregar fitas com os seus “depoimentos” devido, provavelmente, ao caráter de desvendamento íntimo que o vínculo entre médico e paciente adquire. O impacto desse contato também reverbera em Dysart, que, mergulhado num casamento burocrático, revela incômodo crescente com a intensidade da vibração de Alan.