Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf

Resumo: o ensaio a seguir pretende dar visibilidade a algumas questões inter-relacionadas: políticas para urbanidade e cidadania, administração pública e programática sociocultural de equipamentos ociosos, e processos de interlocução social, a partir de episódio recente, ocorrido em novembro deste ano na cidade de São Paulo, em que um grupo teatral e um coletivo de ação social viveram uma espécie de sobreposição espaço-temporal no Vale do Anhangabaú.  Busca-se ampliar a discussão a respeito do episódio, pensando a cidade como palco para ações distintas, que não precisam necessariamente ser conflitantes.

Palavras chaves: A motosserra perfumada; Ateliê Compartilhado TM13, Vale do Anhangabaú, heterotopias, administração pública, São Paulo.

Abstract: the following essay intend to give visibility for some interrelated issues: policies to citizenship, public administration and socio-cultural programmatic of idle equipment , and processes of social dialogue , since aspects of a recent episode , which took place in November this year in the city of São Paulo, envolving a theater group and a collective social action in a kind of spatial and temporal overlap in the Valley of Anhangabaú . The aim is to broaden the discussion about the episode, thinking the city as stage for various actions, which need not be conflicting.

Key-words: A motosserra perfumada; Ateliê Compartilhado TM13, Vale do Anhangabaú, heterotopias, public administration, São Paulo.

 

São Paulo, dezenove de novembro de 2015: entre 12h30 e 14h30 estive conversando com lideranças do Ateliê Compartilhado TM13, todos sentamos na praça ampla do Vale do Anhangabaú. Perguntava à Carla Pena e Kevin Aguero, duas lideranças do coletivo, sobre o histórico de atuação na região, e mais especificamente a respeito do episódio de ocupação das áreas do subterrâneo do Teatro Municipal – assumida publicamente por eles em redes sociais. Entre outras coisas, a dupla me contou a respeito das atividades de cunho sociocultural que oferece a adolescentes e jovens em situação de risco, sobre a ocupação realizada anteriormente (do espaço onde, não sei em que condições, funciona a Escola Municipal de Bailados) e sobre estarem inseridos em ações no Vale com a parceria de outros cem coletivos – a maioria formada por artistas e ativistas das bordas da cidade – há mais de uma década. Havia marcado esta conversa via facebook (desde o início chamei de conversa, e não de entrevista, apesar de me identificar como jornalista) e avisei sobre meu interesse em ouvi-los. Até aquele encontro, nós não nos conhecíamos. Pedro Paulo Rocha, artista e ativista da performance, também participou da conversa.