Estudos

Da figura ao fundo: imagem, gesto e espaço social em Mordedores 

24 de dezembro de 2015 Estudos

Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf

Resumo: Esse artigo reflete sobre o espaço social contemporâneo a partir, sobretudo, de uma análise do espetáculo Mordedores, dirigido pelas coreógrafas Marcela Levi e Lúcia Russo. A avaliação do espetáculo busca, não se deter sobre a técnica de dança e suas figuras, mas fundamentar-se no estudo do gesto e da corporeidade como principal meio de acesso para pensar que gesto é capaz de fabricar a dança em questão. Para isso, a Análise do Movimento, servirá como principal aparato conceitual.

Palavras-chave: Análise do Movimento, Coreografia, Espaço Social, Gesto, Imagem.

Abstract: This article reflects on the contemporary social space, based mainly on an analysis of the dance work “Mordedores”, directed by choreographers Marcela Levi and Lúcia Russo. This analysis tries not to be focused on dance technique and its figures. Rather than this, chooses an investigation of gesture and corporeality as the keys to think what gestures are capable of manufacture such dance. To do this, Hubert Godard’s movement analysis will be our leading conceptual apparatus.

Keywords: Movement Analysis, Choreography, Social Space, Gesture, Image.

 

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Pensar a dança, levando em consideração a multiplicidade de seus discursos estéticos, pressupõe, antes de tudo, uma atenção às bases que, ao longo do tempo, vêm estruturando a relação entre pensamento e movimento.

Superando definitivamente as dicotomias fundadoras da filosofia ocidental, entre corpo e alma, movimento e pensamento, a designada dança contemporânea fez do corpo seu próprio sistema de referência. Nesse sentido, operou uma ruptura crucial, tal como assinala a pesquisadora Laurence Louppe:

Imagens corais modernas

24 de dezembro de 2015 Estudos

Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf

Resumo: O ensaio discute a apropriação de formas corais na cena brasileira moderna, tomando como objeto a produção do Teatro de Arena enquanto referência para posteriores experiências de conjuntos teatrais contemporâneos.

Palavras-chave: Coro, Imagem, Teatro de Arena, Cena Brasileira

Abstract: The essay discusses the appropriation of coral forms in the Brazilian modern scene, taking as object the production of the Teatro de Arena as a reference for later experiences of contemporary theatrical sets.

Keywords: Choir, Image, Teatro de Arena, Brazilian Theatre

 

Notas introdutórias

Retomo agora como objeto determinadas realizações do Teatro de Arena (1953-1972), anteriormente abordadas em texto da comunicação para a V Reunião Científica da ABRACE (2009), realizada em São Paulo, com o título: Coro emancipado? (notas de percurso) (Cf. www.portalabrace.org). Desenvolvi posteriores formulações, que reelaboro neste ensaio, com a redação do tópico “Círculo”, que integra um dos capítulos da tese “O coral e colaborativo no Teatro Brasileiro” (CORDEIRO, 2010, p. 191-202). Entre a primeira pergunta, o trajeto de pesquisas realizado e o fechamento em um espaço teórico delimitado pela coralidade, as reflexões que apresento agora vão além da mera transcrição. Com este ensaio proponho que através das formas corais operadas pela cena, determinados conjuntos teatrais modernos estabeleciam um ponto de vista crítico na composição do discurso cênico – diante dos temas colocados em jogo pela dramaturgia no contexto do teatro brasileiro realizado em meados do século passado.

Terá sido: a voz

23 de dezembro de 2015 Estudos

Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf

Resumo: A partir de questões históricas sobre o drama, este artigo busca traçar alguns apontamentos que concernem ao sujeito, à voz, à imagem e ao corpo no teatro de Samuel Beckett. Para tanto, estabelece-se diálogo com a psicanálise lacaniana, tendo como conceito operador a temporalidade do a posteriori, para propor uma leitura preliminar de Souffle, um intermédio que, sem palavras e sem atores em cena, põe em jogo questões fundamentais da subjetividade.

Palavras-chave: Samuel Beckett, psicanálise, corpo, voz, imagem

Sommaire: À partir des questions historiques sur le drame, cet article cherche à esquisser quelques remarques qui concernent le sujet, la voix, l’image et le corps dans le théâtre de Samuel Bekett. Pour le faire, on établit un dialogue avec la psychanalyse lacanienne, en ayant comme concept opérateur la temporalité de l’après-coup pour proposer une lecture préliminaire de Souffle: un intermède qui, en n’ayant pas de paroles et pas d’acteurs, met en jeu des questions fondamentales de la subjectivité.

Mots-clés: Samuel Beckett, psychanalyse, corps, voix, image

 

Estudar o teatro de Samuel Beckett (1906-1989) é um trabalho de delicada análise das diversas subversões formais encenadas em suas peças. Dentre os aspectos singulares de seu teatro, especialmente em suas últimas peças, a imagem tem sido destacada como um tipo de produção formal que põe em tensão o gênero drama. Pensar a imagem no teatro beckettiano implica compreender a convergência de duas camadas formais: a imagem verbal do texto dramatúrgico e a imagem cênica, concebida pela execução fiel das rubricas do autor, ou por releituras que ressignificam seu teatro a cada nova montagem. Em geral, o teatro final de Beckett se funda em uma dramaturgia que não implica desdobramentos causais no enredo, que resulta na estaticidade dos corpos, delineados por luz e penumbra. Além disso, para pensar a imagem, recorre-se às ideias de Beckett sobre a pintura dos irmãos van Velde, expostas em Peintres de l’empêchement. Nesse texto, Beckett propôs que, na pintura de Bram e Geer van Velde, o “impedimento-olho” e o “impedimento-coisa” eram procedimentos formais que marcavam a “recusa de aceitar como dada a velha relação sujeito-objeto” (BECKETT, 1990, p. 58). No presente artigo, levanto um traçado de procedimentos formais beckettianos que dão forma à imagem para pensar a encenação de Souffle, que se funda em um impedimento-voz: na convergência entre corpo, tempo e linguagem.

A missão italiana. Arquivo e representação do legado dos diretores italianos na “renovação” do teatro brasileiro

31 de agosto de 2015 Estudos

Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015

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Resumo: A presença de diretores teatrais italianos como protagonistas do teatro brasileiro da década de 1950 remete ao campo teórico de “memória do teatro”, isto é, de sua epresentação por meio de registros históricos que fixam uma ou outra versão dos processos de modernização da cultura. Movida por missão pioneira (a instalação da direção em cena), a viagem de pessoas e idéias que confluiu na “renovação” da cena moderna no Brasil oferece recorte temático privilegiado, pois nela o sonho moderno coincidiu com a modernização. Seu legado, intuições e oportunidades perdidas podem ser investigados em amplo acervo de documentos inéditos que regressaram com os artistas para o país de origem, como um espetáculo desmontado e armazenado em baús repletos de memórias. Anos mais tarde, a viagem foi narrada de novo, reinventando a versão oficial em outro “teatro da memória” constituído por diários, contos, roteiros, romances autobiográficos e até um filme.

Palavras-chave: missão, legado, arquivo, direção teatral, emigração italiana

Abstract: The presence of italian directors (Adolfo Celi, Ruggero Jacobbi, Luciano Salce, Flaminio Bollini, Gianni Ratto, Alberto d’Aversa) in the renewal of Brazilian theatre in the 50’s refers to studies in the field of culture modernization processes. Motivated by the pioneering mission of implementing theatrical direction, this journey of people and ideas offers a surprising perspective of the “modern dream” that moved them when narrating facts about the modernization of art in Brazil. Its intuitions, its legacy, lost chances and opportunities can be investigated in a large collection of undisclosed documents. These “chest” produced, later, a “theater of memory”. Deconstructing the official version, their journey was represented again, in diaries, novels, film subject and an auto-biographic movie.

Keywords: mission, legacy, archive, stage direction, italian emigration

Sobre Stanislavski. Precisão histórica, circulação e mobilidade das proposições do encenador russo

31 de agosto de 2015 Estudos

Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015

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Resumo: Proponho, nesse texto, uma discussão sobre a obra de Constantin Stanislavski a partir da análise do livro Stanislavski revivido, que reúne as transcrições de conferências e debates promovidos pela SP Escola de Teatro, no momento em que se completaram 150 anos do nascimento do encenador. Analiso as questões mais recorrentes nas falas, destacando as tentativas de recuperação das precisas condições históricas de produção do teatro stanislavskiano, e o estudo das formas de circulação, apropriação e mobilidade de sua obra.

Palavras-chave: Constantin Stanislavski (1863-1938), legado, circulação de bens simbólicos, apropriação

Abstract: I propose in this paper a discussion on Constantin Stanislavski’s work through the analyses of the book Stanislavski revivido, which brings together the transcriptions of conferences and debates promoted by the SP Escola de Teatro in the occasion of the 150 years of the director’s birthday. I analyze the most frequent questions that appear in the debates, highlighting the attempts to rescue the precise historical conditions of Stanislavski’s theater and the study of the forms of circulation, appropriation and mobility of his work.

Keywords: Constantin Stanislavski (1863-1938), legacy, symbolic goods circulation, apropriation

 

Em janeiro de 2013, completaram-se 150 anos do nascimento de Constantin Stanislavski. A partir dessa data, uma série de eventos, em diferentes locais do mundo, foi realizada em homenagem ao artista russo, assim como se ampliaram os debates em torno de sua obra e de seu legado. No Brasil, em dezembro desse ano de 2013, foi realizado o “Seminário 150 anos de Stanislavski na SP Escola de Teatro”, espaço que vem empreendendo uma série de contribuições aos estudos teatrais contemporâneos, por meio de palestras, encontros e debates. Seis pesquisadores[1], ao longo de três dias, apresentaram diversas questões ligadas ao teatro stanislavskiano e, ao final de suas falas, debateram com a plateia presente. O livro Stanislavski revivido (2014), organizado por Ney Piacentini e Paulo Fávari, é o resultado desses três dias de discussões, trazendo para um público mais amplo as transcrições de todas as falas proferidas, assim como dos debates.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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