Estudos

Dogville ou uma estética brechtiana no cinema

10 de maio de 2009 Estudos

Os encartes de cultura e as matérias pagas dos jornais, os cinéfilos de monografias acadêmicas e os releases de distribuidoras de filmes podem até dizer o que quiserem, até porque muitos dos que dizem o que querem não querem o que dizem, mas – aqui para nós – essa leitura de que Lars von Trier, em Dogville, está contando uma história sobre a crueldade humana é, no mínimo, uma tremenda miopia por reduzir a idéia de humano a partir de estreitos conceitos ocidentais e ocidentalizados do modo acidentalmente cristão de atribuir sentido ao mundo, se é que existe alguma eficácia nessa possibilidade. Aliás, ficaria até interessante aqui, em Dogville, brincar com o anagrama e inverter as letras de Dog para God, considerando que o Dog (cão) do filme se chama Moisés (em hebreu, Mosché), o mesmo que apresenta aos humanos a tábua dos 10 mandamentos da lei de God (deus). Por uma visada bastante irônica, também podemos afirmar que aqui, o “nosso” Moisés, também nos ofereça como mandamentos os 9 capítulos fornecidos no filme como uma anunciação, através de uma espécie de álbum seriado apresentando os temas das cenas que se seguem, deixando o 10º para ser escrito pelo próprio espectador.

Uma descida no maelstron

10 de maio de 2009 Estudos

Introdução

O início dos anos 80 foi o momento em que o Brasil reconheceu o talento de encenador de Gerald Thomas. O contexto em que sua peça Quatro Vezes Beckett fez sucesso era de redemocratização e abandono das preocupações políticas dos anos 70. A partir de então, transformou-se o contexto em que boa parte dos diretores e dramaturgos brasileiros tinham sido primordialmente brechtianos, mas vivia-se um momento em que Brecht foi perdendo, paulatinamente, sua influência.

Essa pesquisa visa estudar e verificar uma importante mudança ocorrida na carreira do encenador Gerald Thomas desde meados dos anos 2000: Gerald decidiu não mais encenar textos de outros autores, esforçando-se agora por encenar e redigir sua própria dramaturgia. A primeira experiência dessa nova fase foram as peças Terra em Trânsito e Rainha Mentira (Queen Liar). Ele se aproxima, portanto, do traço autoral de um Glauber Rocha, que sempre escrevia e dirigia seus filmes, tendo todos eles a sua marca, sua assinatura autoral e muitas vezes, como em Idade da Terra, sua presença física e voz propriamente ditas.

Diários do Théâtre du Soleil (1)

10 de maio de 2009 Estudos

APRESENTAÇÃO

Meu nome é Gabriela Carneiro da Cunha, sou atriz, tenho 26 anos e fui para Paris para o dia 29 de dezembro de 2008 pra fazer o estágio no Théâtre du Soleil. Cheguei dia 30, um dia antes do ano novo e 40 dias antes do início do estágio. Os motivos para chegar assim tão cedo foram 3: primeiro precisava praticar o francês; segundo, um estágio com o encenador russo Anatoli Vassiliev que estaria acontecendo no mês de janeiro em Paris e terceiro, a passagem para Paris triplica de preço depois da meia noite do dia 31 de dezembro. O jeito foi esquecer o ano novo em Copacabana e começar a pensar no Réveillon na Torre Eiffel.

A questão da passagem é o que motiva este e os outros textos que escrevi, escrevo, escreverei. Consegui o dinheiro para financiar minha passagem em um edital do Ministério da Cultura, chamado edital de intercâmbio cultural, onde uma das exigências é uma proposta de contrapartida. Esta foi a minha proposta, escrever uma espécie de diário virtual sobre as atividades desenvolvidas durante o estágio para ser postado neste site. A proposta só fazia referência ao estágio no Soleil, mas de qualquer maneira resolvi escrever também sobre a experiência com Vassiliev.

Teatro Oficina Uzyna Uzona: tensão entre o interior e o exterior

10 de abril de 2009 Estudos

“ Minha vida se viu confundida com esse lugar que virou o meu destino.”
José Celso Martinez Corrêa 

Não é, talvez, por acaso que a arquiteta italiana Lina Bo Bardi [1] ao sair da Bahia para morar em São Paulo comece a trabalhar com o grupo Oficina e a produzir cenários para as encenações do grupo e que, a partir de 1982, comece a trabalhar no projeto do seu terceiro e último espaço cênico. Na ocasião da elaboração desse espaço, o grupo já tinha uma trajetória de mais de vinte anos, porém ainda buscava novos desafios e formas diferentes de se pensar e de fazer teatro. Ao mesmo tempo em que as características da arquitetura do Teatro Oficina Uzyna Uzona [2] são coerentes com a prática teatral do grupo, também são recorrentes em outras concepções espaciais da arquiteta. Esses pontos de convergência serão analisados e confrontados com a concepção artística de Lina Bo Bardi e a de José Celso Martinez Corrêa. 

A transição para a modernidade

10 de março de 2009 Estudos

A mulher e o teatro brasileiro do século XX, livro organizado por Ana Lúcia Vieira de Andrade e Ana Maria de B. Carvalho Edelweiss, não se limita a uma reunião de artigos sobre algumas das mais importantes atrizes, diretoras, dramaturgas e críticas que vêm marcando com assinatura forte a história do teatro no Brasil.

Nos textos referentes às atrizes houve a preocupação em destacar como cada uma direcionou a sua carreira a partir da transformação do teatro no país, que, pouco a pouco, deixou de priorizar espetáculos conduzidos pela personalidade carismática de um intérprete para valorizar um processo mais refinado de construção de personagens, propostas de direção mais autorais e uma dramaturgia mais consistente.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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