Críticas

Sobre fundo verde

15 de outubro de 2008 Críticas
Atriz: Izadora Mosso Schetert. Foto: divulgação.

Em cartaz no Teatro do Jóquei, a peça Passagens, dirigida por Diego de Angelis, traz à cena o primeiro trabalho da Pangéia Cia. de Teatro, que durante um ano e meio realizou uma pesquisa inspirada em procedimentos cinematográficos. Sete atores se revezam na apresentação de diversos personagens. A dramaturgia do espetáculo não conta com uma fábula, mas com pequenos momentos, recortes de situações vividas por personagens cujas características são apenas sugeridas. O espetáculo é formado por quadros, de duração variada, que se dão a ver sobre um fundo verde – referência a uma técnica utilizada no cinema: os atores fazem as cenas sobre um fundo infinito, para que se acrescentem os efeitos especiais num segundo momento.

Celebração secularizada

15 de outubro de 2008 Críticas
Ator: Daniel Schenker. Foto: divulgação.

O monólogo Pedra fria dirigido por Celina Sodré e com atuação de Daniel Schenker configura, a meu ver, um lugar bastante preciso da pesquisa cênica desenvolvida pela diretora, a partir do trabalho de Jerzy Grotowski. A ação da história é imprimir no tempo as suas tensões; portanto, o trabalho sobre os mestres do teatro não pode ser o de seguir modelos, mas de investigar suas idéias. E no caso de Grotowski, uma das mais importantes noções que iluminam a contemporaneidade parece dizer respeito ao lugar do paradoxo na experiência de arte. Acredito que em Pedra fria o trabalho que impulsiona a pesquisa de Celina Sodré esteja traduzido na materialização sutil da simultaneidade entre vida e morte.

O espetáculo autônomo

15 de outubro de 2008 Críticas
Ator: Julio Adrião. Foto: divulgação.

Um dos atuais sucessos teatrais do Rio de Janeiro, A descoberta das Américas, foi apresentada na 9ª Mostra Prática da UniRio, que ocorreu durante a última semana de Agosto. O espaço alternativo para a encenação (“Sala Cinza”) comportou o máximo de espectadores possível, e de várias formas tal espetáculo pode repercutir na vida acadêmica e profissional dos alunos do curso de Artes Cênicas. Uma característica, porém, chama mais atenção: os espectadores/estudantes são confrontados por uma estética simples e bem executada, diferente das “grandes produções” que possivelmente muitos aspiram, um dia, integrar.

Sem surpresas

10 de outubro de 2008 Críticas
Atores: Arlindo Lopes e Glória Menezes. Foto: Divulgação.

É, de certa forma, um desafio abordar um espetáculo como Ensina-me a viver, dirigido por João Falcão, que está atualmente em cartaz no Teatro do Leblon.  Muita coisa está em jogo quando se vai assistir a um espetáculo economicamente bem-sucedido. A platéia está cheia; a crítica jornalística é, via de regra, favorável; a divulgação maciça agrega status de evento à peça; os nomes famosos na ficha técnica dão um toque de glamour ao entretenimento; há uma atmosfera de sucesso em torno da peça: tudo isso contribui para induzir o espectador a ficar satisfeito com a ida ao teatro, quase independentemente do seu juízo sincero sobre o espetáculo.

Como se chama ou Por afeto

10 de setembro de 2008 Críticas
Ator: Pedro Brício. Foto: divulgação.

Uma peça com dois títulos, ou dois títulos colados um no outro: esse é um pressuposto que não pode ser deixado de lado. O título de uma peça não é dado arbitrariamente, ele pode compor o sentido da obra, explicitar algum motivo do processo de trabalho, pode ser um enigma ou só mesmo uma frase de efeito. Colocar dois títulos juntos numa peça me parece ser uma proposta feita ao público a priori: você pode ver desta ou de outra maneira, você pode entender isto ou aquilo. Ou ainda: você pode ver desta e de outra maneira, entender isto e aquilo. O “ou” do título me parece sugerir sobreposições. Ele é um pouco “e”.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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