Autor João Cícero Bezerra

O oráculo dobrado em Macbeth: presente/futuro, história/sobrenatural

27 de maio de 2015 Estudos

Vol. VIII nº64, maio de 2015.

Resumo: O artigo pretende analisar a tragédia Macbeth, de William Shakespeare, refletindo sobre o significado ambíguo e metalinguístico da fala oracular das bruxas, interpretando o sentido de história e de narrativa que essas figuras sobrenaturais constroem em Macbeth. Para isso, refletiremos sobre a temporalidade e as imagens que essa tragédia dá a ver a fim de entender as categorias presente/futuro, história/sobrenatural, nessa obra.

O drama engajado na contemporaneidade

22 de dezembro de 2014 Críticas

Vol. VII, nº 63, dezembro de 2014

Resumo: A presente crítica analisa o espetáculo 2 amores e 1 bicho do dramaturgo venezuelano Gustavo Ott, dirigido por Guilherme Delgado, com o objetivo de entender essa nova dramaturgia engajada que se edifica por meio de uma atualização do drama de ideias de ambição filosófica. Busca-se captar os impasses éticos e ideológicos apontados pela obra e o quanto ela dá a ver uma experiência de mundo multifocal, expondo a fragmentação e os paradoxos da contemporaneidade cujas relações humanas são vistas a partir de uma biopolitização da vida humana.

Palavras-chave: Dramaturgia, Ética, Engajamento

Abstract: This review analyzes the play Dois amores e um bicho, written by venezuelan playwright Gustavo OTT and directed by Guilherme Delgado, with the goal of understanding this new political dramaturgy that maintains itself through an update of drama with ideas of philosophical ambition. We try to capture the ideological and ethical dead-locks pointed by the play and how much it shows an experience of a multifocal world, exposing the fragmentation and the paradox of contemporary times in which human relations are seen through a proccess of bio-politics of human life.

Keywords: Dramaturgy, Ethics, Engagement

O drama da educação brasileira e a experiência kitsch do drama

31 de março de 2014 Críticas
Paulo Verlings, Leonardo Netto, Cesar Augusto, Thierry Tremouroux e Marcelo Olinto. Foto: Dalton Valerio.

O espetáculo Conselho de Classe escrito por Jô Bilac e dirigido por Bel Garcia e Susana Ribeiro constrói uma obra que versa sobre a educação brasileira, seu fracasso e a crise de valores que, infelizmente, se tornou senso-comum dentro da nossa cultura.

Na obra, cinco personagens bem definidas formam a arquitetura da dramaturgia que se apresenta do seguinte modo: após um conflito da antiga diretora da Escola Dias Gomes com os alunos, as professoras se reúnem num conselho de classe que se torna o espaço dramático no qual se assiste o debate ideológico entre as educadoras e o novo diretor, que chega para substituir a diretora afastada.

No centro da disputa estão Edilamar (Leonardo Netto) e Mabel (Thierry Trémouroux). A primeira, professora de Educação Física, representa a vontade disciplinadora e de controle, enquanto a segunda, a professora de Educação Artística, ilustra o desejo libertário de ultrapassar os muros da escola por meio de uma saída criativa (no caso, a “pichação”) – essa entendida como manifestação artística. Bem marcados do ponto de vista dramático, as personagens são como centros de escolhas ideológicas muito bem definidas: Edilamar, conservadora e Mabel, libertária.

A dobra e a separação

27 de dezembro de 2013 Estudos
Farnese de Saudade. Foto: Rodrigo Castro.

Para Dinah Cesare e Manoel Friques (1)

No ano de 2012, estiveram em cartaz na cidade do Rio de Janeiro dois espetáculos teatrais que produziram uma reflexão a partir de experiências de artistas visuais expoentes da arte moderna e contemporânea brasileira: Cara de Cavalo e Farnese de Saudade. A primeira obra cujo texto foi escrito por Pedro Kosovski com direção de Marco André Nunes, deteve-se na obra de Hélio Oiticica, principalmente, no debate acerca arte-violência, criado pelo artista carioca a partir da figura marginal de Manoel Moreira, bandido cuja alcunha tornou-se título da peça. Já o segundo espetáculo se construiu por dramaturgia colaborativa e direção de Celina Sodré, propondo revisitar poeticamente a biografia do artista mineiro Farnese de Andrade, sem se formatar ao discurso biográfico.

Carpintaria – o drama e a cena (apontamentos e dúvidas)

25 de dezembro de 2013 Críticas
Foto: Leo Aversa.

Nota: O texto contém spoilers, ou seja, revelações a respeito do enredo.


A montagem do espetáculo Incêndios de Wajdi Mouawad (traduzido por Angela Leite Lopes) com direção de Aderbal Freire-Filho, em cartaz no Teatro Poeira, traz à tona o debate acerca da carpintaria da dramaturgia contemporânea que se constrói a partir de um eixo dramático nuclear edificador de toda a estrutura da fábula.

Se se entende ainda hoje o drama como um modelo abstrato que une num mesmo ponto o tempo, o espaço e a ação, a peça de Mouawad não deve ser considerada drama. Entretanto, se deixarmos de lado essa premissa radical do que seria o drama absoluto, rastrearemos modelos existentes no qual a unidade da trama da fábula percorre uma lógica causal (atravessando espaços e temporalidades diversos) culminando num núcleo dramático, em que a história acaba se apresentando através da integração de acontecimentos. Assim sendo, Incêndios deverá ser examinado como um drama cuja experiência fragmentária da contemporaneidade se costura em uma coesão dramática.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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